O "bode expiatório": exclusão e racismo na Europa

"Porque não usam os mesmos vagões em que levamos os judeus para mandar fora os polacos?", perguntou uma anciã da ex-RDA à escritora Irene Runge. Na Polónia, 40 por cento dos cidadãos preferem não ter um judeu como vizinho. Na Itália, são mais de 5 milhões os que se pronunciaram a favor da expulsão do país dos seus 35 mil conterrâneos judeus. Na Áustria, os clientes dos radiotáxis podem não só pedir um veículo, como escolher a nacionalidade do motorista ou, mais concretamente, exigir que este não seja estrangeiro. E os jovens aprendem em jogos de computador como identificar imigrantes turcos. Ganha quem os conseguir prender e matar rapidamente. É o regresso de uma velha regra que quer voltar a fazer valer os seus direitos. Em tempos de incerteza ou de crise, regressa-se ao conhecido. Um pouco por toda a Europa, procuram-se bodes expiatórios a quem culpar pelo desemprego crescente, pela falta de segurança das cidades. E quem melhor que os "estrangeiros" para desempenharem esse papel? Negros, árabes, asiáticos, europeus do leste, ciganos, judeus. Tanto faz.

Jornal "Público", 19.12.1993 (adaptado), in "SOS Racismo. Projeto Escola de todas as Cores. Articulação dos temas do racismo e da xenofobia com conteúdos do programa de História - 10º ano - Folha para o Professor".

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